A Colaboradora, um dos principais programas do Instituto Procomum, é uma jornada que alia formação e vivência de práticas colaborativas para empreendedores sociais, artistas e outros profissionais criativos com o objetivo de fortalecer a cooperação, a construção de redes e a ampliação de repertório.

A edição “Empreender e Transformar”, que conta com apoio do Conselho Britânico por meio do Programa DICE e a parceria de três organizações britânicas (Haarlem Artspace, Junction Arts e Advantage Creative), tem como foco trabalhar com jovens empreendedores sociais e criativos da Baixada Santista que tenham ou estejam construindo um negócio social, ou seja, que queiram ganhar grana melhorando a vida de suas comunidades.

A Colaboradora oferece aos seus participantes uma escola livre, com oficinas, mentorias, e participação em diferentes eventos; o acesso ao LAB Procomum, um super espaço físico de uso coletivo, com todos os recursos necessários para um empreendimento decolar; e a articulação com outras redes e comunidades.

Os participantes são selecionados por meio de chamada pública e são completamente subsidiados, ou seja, não pagam nenhum real. A contrapartida exigida é a participação em um banco de tempo que estimula a troca de serviços entre todos, fortalecendo ainda mais a lógica da colaboração e não da competição.

Outro aspecto importante de destacar é que, seguindo a missão do Instituto Procomum, A Colaboradora é um projeto de inclusão social e combate à desigualdade, o que é impossível de enfrentar sem considerar aspectos de classe, raça e gênero. Assim, os participantes selecionados são oriundos das diferentes periferias da Baixada Santista, com ênfase nas mulheres, na população afrodescendente, nos LGTBQI+ e indígenas.

Saiba mais.

 

Em 2019 foram selecionados 25 empreendedores por meio de uma chamada pública lançada no início do ano com os seguintes critérios prioritários:

  • jovens de até 35 anos
  • populações sub-representadas: mulheres, indígenas, afrodescendentes e LGBTQI
  • que atuam nos setores criativos (moda, música, artes cênicas, literatura, gastronomia, produção cultural, etc)
  • empreendimentos com impacto social, ou seja, que gerem transformação para além do lucro, em seu território, em sua comunidade, para o meio ambiente;
  • que vivem na região da Baixada Santista, em São Paulo.

Este grupo está realizando um percurso que vai durar 12 meses- até março de 2020- e que inclui: aulas de inglês semanais, um programa quinzenal de formação com conteúdos sobre gestão de negócios, impacto social, autoconhecimento e desenvolvimento social e coletivo, colaboração e redes, além de palestras, eventos, imersões e visitas a espaços de criatividade, inovação e empreendedorismo dentro e fora da Baixada Santista. Leia mais aqui no blog e acompanhe nosso calendário de atividades.

 

O Lab Procomum

Os selecionados também tem acesso à toda infra-estrutura do Lab Procomum, que é onde a maior parte das atividades são realizadas. O Lab Procomum é um espaço físico de 1200 m2 de área construída localizado na Bacia do Mercado, centro de Santos, e que possuí horta comunitária, espaços de trabalho compartilhado, internet wifi, salas de reunião, quintal, biblioteca, espaço para oficinas, sala hacker e cozinha compartilhada. O Lab Procomum é um laboratório cidadão e é o maior projeto do Instituto Procomum. Um laboratório cidadão é uma rede colaborativa formada por pessoas, iniciativas e infraestruturas que se articulam para produzir, de baixo para cima, soluções inovadoras para melhorar a vida em comum dos habitantes de uma localidade. Um laboratório cidadão é também uma plataforma destinada a fomentar a criatividade e a produção cultural, científica e de conhecimento, elementos essenciais para o desenvolvimento de qualquer cidade, região, estado ou país nos dias atuais. Um laboratório cidadão, portanto, tem como premissa articular pessoas com ideias e formações diferentes em torno de questões e projetos comuns.

 

Banco de Tempo

Os selecionados não precisam pagar pelo programa oferecido na Colaboradora e nem recebem nenhum tipo de aporte financeiro mas estimulamos que todos os participantes doem 10% do seu tempo mensal para trocas horizontais dentro da rede, calculadas por meio de uma moeda social própria do projeto, e dedicarem-se ao trabalho reprodutivo (para que o cuidado do espaço e das pessoas ocorra entre todos). O uso de uma moeda social baseada no tempo visa reverter a escassez que caracteriza os contextos econômicos criativos das pequenas e médias empresas no contexto brasileiro e demonstrar que a abundância brota das relações entre pares. Com este raciocínio, pretendemos também estimular a formação de uma rede de produção entre pessoas com desafios semelhantes, entendendo que esta é uma forma de gerar um ecossistema sustentável baseado na superação do individualismo dominante através de arranjos produtivos coletivos.

 

A Colaboradora e o Comum

O que está em jogo é promover uma redução efetiva da desigualdade, que continua sendo o grande desafio brasileiro diante da distribuição perversa da renda no país.