Eleonora Artysenk é artista; se utiliza da dança e da performance como ferramenta ativa de questionamento aos modos sistêmicos e de produção de existências, processando seu trabalho enquanto experimentos ficto-críticos. Adentrou na Colaboradora a fim de reconhecer o território da Baixada Santista como um espaço profícuo para realização, conjunção de saberes e redes possíveis de colaboração. Nesse desejo engajado, mas reformulado por conta do contexto pandêmico, procura se utilizar das materialidades vivas e inanimadas ao seu redor, enquanto linha de fuga para seu objeto de pesquisa, que dizem respeito às elaborações de construções e rastreamento de signos violativos da cidade.

 

Augusto Pakko é um artista de 23 anos da Zona Noroeste de Santos. Começou cedo seu envolvimento com a poesia e consequentemente se apaixonou pelo RAP. Suas músicas são repletas de conceitos, além de trazer autoestima ao povo preto.

Entende que a Colaboradora é um projeto que agrega na carreira artística, tanto na questão do networking e nas experiências vividas neste espaço, quanto por poder ter contato com outras expressões artísticas, fomentando a criatividade; além disso, vê que abre portas que só uma instituição consegue abrir.

O projeto de Pakko visa dar visibilidade e acessibilidade ao povo preto, desenvolvendo um espaço onde realizará diversos trabalhos artísticos como: Poesias, Fashion Films, Palestras e eventos.Toda ficha técnica dos trabalhos realizados serão compostas por artistas pretos, a fim de agregar com seu povo e ceder uma vitrine para que os seus possam expor sua arte.

 

Breno Garcia, conhecido na rua como Groovy, é compositor e músico do Brasil impossível, produtor musical, produtor cultural, produtor audiovisual, pixador & outros.

Trabalha junto à ao seu irmão Dilê há dez anos, com o duo musical Incógnito e o movimento Alce Negro, que se divide entre produção de festas, produção audiovisual, comunicação suburbana & vivência de rua, norteado pelo universo musical Alce Negro & a filosofia do mestre Raimundo Nonato.

Participa da Colaboradora – Artes e Comunidades por esta ter como território de atuação o bairro onde nasceu e na região onde nasce também o Alce Negro. Para que esse território e sua mironga histórica despertem em outros artistas e suas sensibilidades a mesma força que nele despertou, e para que com isso, estabeleça aproximações  & afetos em todos os campos imagináveis com artistas incríveis e seres humanos únicos & potentes.

Seu projeto consiste na pesquisa músico-histórica e o documentário músico-visual “Cabuloso – O Funk da Baixada Santista por Alce Negro”, um filme-playlist que reúne faixas dos anos 90 e inícios dos anos 2000 do funk produzido nos municípios da Baixada Santista, fruto de uma pesquisa de cinco anos, voltada a compositores, artistas e faixas que não chegaram ao mainstream, com temáticas relacionadas ao crime e à realidade das quebradas, uma ode à liberdade de expressão, à verdadeira música popular da Baixada e um grito contra as forças policiais.

 

Luiz Augusto Marques, ou Vida,  nascido em Santos, cria de São Vicente, crescido no bairro Náutica 3. É Arte Educador e Filmmaker, faz faculdade de Pedagogia e é formado no instituto Querô. Se entende como pessoa quando começa adentrar o mundo que cercava seu bairro e ver o campo fértil onde cresceu junto aos amigos, passando pelas venturas da juventude e pelo caos periférico que o tornou quem é.

Entrou na Colaboradora primeiramente pelos contatos e parcerias que poderiam surgir, sabendo que outros artistas e pessoas de interesses mútuos iriam estar no ambiente.

Na Colaboradora busca se expressar fazendo documentários sobre o Underground de São Vicente e região pois ali existe uma cena forte de pixadores que saem e se arriscam menos do que trabalhando em sub-trabalhos nas plataformas de entregas. Quer registrar grupos de rap e outras pessoas que se expressam sem recursos financeiros e outras tipos de apio que não sua própria motivação e desejo. Mostrará a relação da pandemia com o Underground e como as atividades seguem.

 

Fernando Góis, 29, artista e educador nascido e residente em São Vicente/SP. Artista visual, ator e escritor, desenvolve pesquisas e trabalhos solo e com os grupos de teatro “O Coletivo” de Santos, e “Casa3” do Guarujá.

Está no grupo da Colaboradora: Artes e Comunidades pela possibilidade de estabelecer diálogos com artistas da região, realizando pesquisas e produções colaborativas em arte que refletem sobre arte, comum e território. A maior parte de sua formação e atuação artística foi na região da Baixada Santista, grande parte no território abarcado pela proposta da Colaboradora, a região central de Santos, mais especificamente a Bacia do Mercado. Assim, ingressa no grupo no intuito de tecer novas possibilidades de fazer arte no território, e, após as trocas sobre arte e comum, repensa as potencialidades da arte como uma prática agenciadora de movimentos coletivos na transformação do espaço e das relações estabelecidas. Dessa forma, as experiências com o projeto lhe possibilitaram ampliar a sua concepção de arte, engajando-o na proposição de processos artísticos em que, mais do que criar arte para a comunidade, o interesse recai também em como  criar arte com a comunidade.

Seu projeto, provisoriamente intitulado “Galeria Imaginária”, envolve a distribuição de “kits” para as crianças e jovens da Bacia do Mercado e arredores, contendo material de desenho, um “caderno de atividades” e um livro infantil/infanto-juvenil. O caderno, feito artesanalmente, contém algumas páginas com propostas de criações em artes visuais construídas a partir da reflexão sobre seu próprio processo, incluindo pequenas ilustrações, constituindo-se como um incentivo a produção artística colaborativa em artes visuais como meio de promover processos de construção de conhecimento sobre arte, sobre si e o universo compartilhado.  O material distribuído contém informações para viabilizar formas de contato remoto, por meio virtual ou pelo intermédio de um espaço comunitário como “ponto de entrega”, que possibilitem a digitalização dos trabalhos realizados nos cadernos para transformá-los em uma intervenção artística no território, criando uma exposição com lambe-lambes e adesivos de diferentes tamanhos ocupando o território.

 

Ana Letícia (Anita), 26 anos, nascida na Vila Missionária, extremo da zona sul de São Paulo, residente na Baixada Santista desde 2011. Palhaça, mãe, ativista, apaixonada pela fotografia, faz parte do coletivo Circo Periférico, que existe há 3 anos, com o propósito de descentralizar o acesso à arte e à cultura, realizando apresentações circenses em territórios periféricos.

A Colaboradora é seu primeiro contato com uma escola de artes, e através dessa escola sente vivenciar diversos processos que estimulam o pensamento e desenvolvimento artístico pelo olhar do comum.

O que lhe despertou interesse na Colaboradora, além do intercâmbio de conhecimento com outros 11 artistas e a equipe que conduz a jornada, foi o mergulho nesse território pulsante e histórico que é a Bacia do Mercado, direcionando o olhar para as pessoas que vivem ali, em comunidade. E nesse território conviver, gerar desenvolvimento artístico e compartilhamento dos processos dessa pesquisa.

Seu projeto, trata-se de um mini documentário ainda não titulado, que através de linguagem lúdica, na narração da Palhaça 50 Centavos (Ana Luiza), mostra os territórios percorridos pelo coletivo Circo Periférico e as encruzilhadas que deseja encontrar pela frente; passando pelo presente, que mostra a necessidade que o coletivo teve de adaptar a forma como comunica arte e interage com o público  num contexto onde a realidade é o isolamento social. Um grande desafio, visto que a magia do circo de rua só se dá através de aglomerações de pessoas e por muitas vezes contato físico direto com o público.

A produção deste mini documentário através da Colaboradora faz com que não apenas ela, artista contemplada, mas todo o coletivo, mergulhe numa investigação de seus palhaços, da militância e dos territórios percorridos durante seus 3 anos de histórias.

 

Natália Brescancini, artista visual, pesquisadora e educadora.

Trabalha principalmente com pintura, em processos que envolvem desenho, livro de artista e fotografia. Pesquisa o autorretrato e representações do corpo feminino desde 2008 e hoje, e através do projeto mirar(nos)otras, investiga as linguagens do desenho e pintura como dispositivos relacionais, na criação de ações artísticas com grupos de mulheres diversas. No Coletivo (a)gente e TraMar Coletivo, desenvolve junto a outros artistas intervenções urbanas por meio de processos de criação colaborativos em linguagens integradas.

Integra a Colaboradora Artes e Comunidades pelo desejo de encontro com artistas e grupos de mulheres atuantes na cidade de Santos. Percebe o território da Bacia do Mercado, central no projeto, como um espaço potente em seu reencontro com a cidade de Santos, e na expansão do seu contato com a diversidade de noções dos femininos e feminismos. Trata-se ainda de um desejo constante de experimentação de processos criativos colaborativos, provocativos, comprometidos com a diversidade.

Após diversas adaptações em decorrência do isolamento social, propõe, como uma ação do projeto mirar(nos)otras em parceria com a Colaboradora, uma intervenção no território da Bacia do Mercado a partir do desejo de ocupação e da ausência dos corpos femininos no território. Serão criados retratos-relatos com as mulheres do grupo, em imagens que serão o ponto de partida para ações e intervenções no território. Trata-se de uma espécie de mapeamento de potências, de ações possíveis e desejo latente na perspectiva de mulheres artistas diversas, que sonham a Bacia do Mercado.

 

Talita Vidal, 33 anos, é violinista e educadora musical. Trabalhou por 12 anos como professora de violino no Projeto Guri atuando em pólos da Baixada Santista. Atuou como violinista por 2 anos na Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Desenvolve um trabalho de ensino coletivo de violino na escola Waldorf Santos e sua própria oficina de ensino coletivo de violino ” Com a Corda Toda” .

Está na Colaboradora Artes e Comunidades com intuito de contribuir com seu conhecimento musical para crianças e adolescentes da Bacia do Mercado. Aredito que o ensino do instrumento traz uma identidade emocional para crianças e adolescentes, um lugar de voz no mundo por meio do violino, um instrumento com acesso um tanto restrito para comunidades de baixa renda. Visa desenvolver dentro dessa prática coletiva valores como respeito, disciplina, igualdade, amizade além de reflexões sobre o jovem, e seu lugar e importância no mundo.

 

Soledad Maria é cearense radicada em São Paulo há quatro anos, formada em Licenciatura em Teatro, feminista autônoma, poeta e cantora. Tem dois discos lançados, o último, chamado “Revoada”, fala sobre o desejo pela compreensão do que é existir com o nosso íntimo e coletivamente, se libertar das máscaras e da ‘roupa velha’ que a sociedade obriga a mulher a vestir, bem como sobre os sentimentos que estão sendo usurpados pelo atual momento da política mundial, inclusive fortemente no Brasil e na América Latina, elementos unidos a um som mais experimental com recortes da cena contemporânea que também compõe o disco. Com formação em Licenciatura em Teatro, integrou o grupo de dança e pesquisa em cultura folclórica Mira Ira, e  foi bolsista do Laboratório de Formação em Música Porto Iracema das Artes, ambos em Fortaleza. Em 2019 foi premiada pelo Edital de Apoio à Criação Artística – Linguagem Música – da Secretaria Municipal de Cultural de São Paulo. Para além, desenvolve trabalhos como figurinista e produtora cultural, tendo trabalhado com artistas como Jorge Ben Jor e Tetê Espíndola, relevantes nomes da música brasileira, e na coordenação de produção da Ação Cultural do Centro Cultural Dragão do Mar, no Ceará, produzindo e curando eventos como o Festival Maloca Dragão. Também faz parte do bloco carnavalesco Pagu, em São Paulo. Em seus processos busca destacar a relação corpo-mente-espaço-política. Atualmente está desenvolvendo uma pesquisa em torno de três poetisas, Hilda Hilst, Ana Cristina César e Soledad Barret, esta última foi uma guerrilheira paraguaia exilada e assassinada no Brasil durante a Ditadura Militar.

Sua chegada à Colaboradora parte do desejo por aprofundamento em âmbitos que envolvem pontos em torno da política pública e cultural da América Latina, da memória coletiva e da arte no comum como um proponente de formação e relações contra-hegemônicas, buscando aprimoramentos teóricos e práticos ensejados pelas oficinas, vivências, mentorias e pela troca com artistas e com pessoas que se relacionam com o Procomum e a Bacia do Mercado. Sinte que esse ambiente pode facilitar e prepará-la de uma maneira mais consciente para desenvolver sua pesquisa pessoal, além de expandir a mente estética e humana necessárias para pensar uma resistência com ternura, cidadania e politização.

Seu projeto na Colaboradora parte de duas perguntas: “Que poéticas existem sobre a existência?” e “Que ação poética transforma o corpo em território expandido?”. Tendo a pandemia como um expoente de desigualdades sociais e da “privatização da nossa existência”, e  o homem como um ser que esqueceu que é espécie da natureza, se une à pensadores como Ailton Krenak e Luiz Rufino e a ideia de suspensão do céu para construir imagens poéticas que contem as histórias e magias das pessoas que, por vezes, ficam à margem da sociedade, vislumbrando políticas de encantamento, de agradecimento e escuta. A ideia é se colocar em deriva na feira e desenhar uma “arqueologia” dos feirantes, estabelecendo conversas e colhendo as palavras que eles desejarem dar, para produzir um vídeo dança, em parceria com a artista visual Patrícia Araújo, com a performance que realizará na feira ao final do processo. Desejando, finalmente, ter alguma resposta para as perguntas que se fez inicialmente.

 

Alexandre Almeida (Alê) formado pelo Pavilhão D centro de artes São Paulo, Escola livre de dança da cidade de Santos e Ballet Staguim. Vencedor do Prêmio 4th international Serguei Diaghilev Competition of Choreographic de melhor coreógrafo – Polônia.  Prêmio Osvaldo Montenegro e Ana Botafogo de dança . Finalista do International Choreographic Contest – Alemanha. Perfomer, pesquisador e observador das relações e ações entre tempo, espaço, corpo e seus cotidianos , desenvolveu e coordena processos e produções artísticas como professor , orientador de grupos teatrais e escolas de dança dentro e fora do país, como: Rio de janeiro, Minas Gerais, Goiânia, Peru, México e Chile.

 

Bete Nagô é fotógrafa, artesã, arte educadora e militante do Movimento Mães de Maio. A Principal base da composição de seu trabalho são suas vivências diárias, movimentos sociais, políticos, atividades culturais e artísticas da Baixada Santista.
“Quem vem do mangue jamais se perde na lama. Sim, resisto. À margem, beirando todo o caos.”