Por Cássia Sabino
O meu trabalho e o trabalho de muitas outras pretas tende a ser sobre nós mesmas. A mulher preta quando dedica-se à sua singularidade, involuntariamente, alimenta sua pluralidade.
Nós somos muitas dentro de uma só.
Por isso, a subjetividade da mulher preta é tão complexa, única e divina; é além de tudo plural e só cresce, engolindo tudo o que a rodeia. A subjetividade de uma mulher negra é atualizada sempre que acontecem trocas com outras mulheres negras.
São tantas as considerações que eu poderia fazer sobre ter convivido com essa rainha chamada Val Souza… Posso dizer que nós crescemos muito juntas, nós somos natureza. E, quando fomos regadas com o nosso próprio carinho, cuidado e afeto, crescemos para todos os lados, viramos floresta. A pretinha quando cuida de outra, cuida de si e vice-versa. O nosso auto-cuidado é sobre isso.
Sou grata à Val, que também sou eu, que também é Marielle, que também é Cláudia Ferreira, que também é Conceição, que também é Alzira, que também é Erykah, que também é Marimba Ani, que também é Queen Afua, que também é uma guerreira de Daomé.
Estamos todas protegidas por nós mesmas! E, em função disso, não seremos mais interrompidas.