Por Marina Paes
Dia desses me deparei com um curso online, de curtíssima duração, gratuito, sobre a temática da Economia Colaborativa.
Em aproximadamente 3 horas, assisti alguns vídeos e tive acesso a outros materiais didáticos que partem dos modelos de desenvolvimento econômico, discutindo a premissa da escassez presente no modo de produção capitalista, o crescimento baseado no consumo e seu consequente excesso obsceno, até a autogestão de bens comuns, o paradigma da abundância e as organizações distribuídas.
Em grande medida vivemos, na A Colaboradora, este processo dialético entre a incorporação de novas formas de economia e os impasses apresentados dia a dia para sua consecução. Entre conseguirmos uma organização distribuída ou nos mantermos de forma descentralizada, ainda com algumas hierarquias e materializações requeridas.
Especialmente um ponto que me chamou a atenção nesta formação foi a referência à discussão apresentada por Elinor Ostrom, autora que conceitua motivação intrínseca (que tem como prerrogativa a autonomia e a liberdade, a competência e o aprendizado e a generosidade e a participação) e motivação extrínseca (que se baseia em modelo de recompensa e punição) diante de determinada ação. A partir destas colocações me pus a pensar qual teria sido nossa motivação, por exemplo, para o emprego dos recursos disponíveis para formações na Colaboradora. Sinto que ainda somos capturados pela preponderância do dinheiro, ditando nossas vontades e demandas…
Eis que uma ou duas semanas após este evento, a equipe de gestão do Instituto Procomum facilita uma oficina sobre o “Comum”, recuperando parte deste histórico que problematiza a tragédia e a delícia do Comum. Percebo então que os conceitos são como indissociáveis.
Surgiram ideias que apresentam o comum como sendo a rua, a luz, a água e a terra, cozinhar junto, o acesso a direitos e até mesmo o conflito, a diferença ou a incoerência – ou como aprendi ao longo daquela tarde, o fato de estarmos em construção e por vezes nos transformarmos de modo flagrante e imprevisível.
A partir das perguntas suscitadas na oficina pude entender que a grande possibilidade de manutenção do comum depende de constituirmos um ciclo, um fluxo, no qual os recursos sigam sustentando as práticas e estas se fortaleçam à medida em que encontramos novas soluções para nossos desafios. Logo, quaisquer formas de sustentabilidade só são viáveis a partir da perspectiva do que é comum à humanidade mas antes à natureza, da qual nossa espécie é apenas parte.