Então eu penso “Que legal, estou de volta, posso estar mais próxima do Fernando, também do Hermógenes, e de seu museu.”
Separo milho e a macela, pra fazermos chá. Também algumas taças de acrílico, resquícios de alguma virada de ano. Porque acho combina. Tenho vontade de também tomar o que for desde esse recipiente. A tarde está chuvosa e esta aproximação é uma forma de torná-la mais agradável e aquecida.
Chego no IP, sou tão bem recebida, a reação ao fato de eu ter ido com este propósito é tão efusiva, que já me sinto animada.
Preparamos uma baciada de pipoca e vou preparar o chá. Separo uma jarra de vidro, coloco-a sobre uma superfície de pedra, fria, acondiciono as flores, fervo a água e a despejo. Ouço um estouro. Aparentemente nada aconteceu. Quando seguro na alça da jarra e a levanto, todo o seu conteúdo transborda, sendo que seu fundo se desprendeu do restante.
Habemus obra, sob a ótica do artista.
Então, vamos até o museu, sentamos em roda, engatamos algumas conversas sobre o que, e como as coisas/obras estão acondicionadas, as suas histórias, os seus dispositivos. Conhecemos umas às outras, trocamos experiências sobre por onde passamos e o que já fizemos, sobre situações que nos modificaram, vide essa mesma, na qual nos permitimos olhar para um museu e vermos nele grandes novidades, mas já tão próprias, tão interessantes, tão próximas a nós. Um museu que não carece explicações, vai se abrindo, sendo toca e se deixando tocar à medida que nos permitimos estar. Espaço acolhida. Criação. Luz. Bexiga. Parangolé. Bala de goma. Santo.
Ainda mais surpreendente é o convite relâmpago que recebemos por parte de um visitante. “Uma oficina breve de junção de gotas sobre a folha”. Parece literal, óbvio. Mas todxs vamos até o corredor do IP, observar algumas grandes folhas de taioba e as gotas que nelas restaram após a chuva. Com leves toques elas dançam, escorregam, se reúnem e crescem em sua cristalinidade, em sua perfeição de água pura. Ficamos maravilhadxs!
Salve o ócio criativo!