Por Mika
Segunda feira, eu não costumo gostar desse dia, acordar cedo é um desafio para mim desde novo, mas Fixxa me propôs fazer parte de seu projeto e eu estava tão ansioso pela vibe que acordei antes do despertador tocar. Até que a manhã era agradável, o calor estava começando a aparecer, céu azul e clima de início de um novo ciclo semanal que só as segundas possuem.
Cheguei alguns minutos atrasado no IP, as meninas já estavam me esperando, Luneta e Fixxa, tanto quanto ou até mais ansiosas que eu para se aventurar nas ruas do bairro procurando costas a serem rabiscadas pela mão da grafiteira. Mas a prática se mostrou muito mais intensa que a ideia que eu tinha do que poderia acontecer, uma imersão no mundo dos marginalizados moradores da Seringueira da Catraia.
Renata, uma das moradoras, foi muito receptiva conosco, demonstrou com pequenos traços o amor que sentia pelos filhos, enquanto Fixxa desenhava em suas costas um dente de Leão, já Patrícia foi mais tímida e hesitou em participar, mas ao final de sua obra no pedaço de madeira, que logo viraria uma xilogravura, deu um sorriso sereno demonstrando que, como no desenho, sua família lhe fazia falta.
A sensação de ter vivido uma imersão pra mim se deu quando saímos do local que as mulheres repousavam e seguimos pelos quiosques da Catraia, não sei se por empatia, mas eu pensava junto a imagem do desenho de uma casa feito por Patrícia e refletia: “O que é morar? O que é lar?”.