Numa quinta feira de noite úmida, remanescente de dias seguidos de chuva na cidade de Santos, coloquei o corpo para dançar na rua. Lá onde os catraieiros descansam até chegar sua vez de levar os passageiros até Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá-SP, há um solitário retângulo, um pequeno quase-quase pier. Um espaço que ao longo de minhas andanças nestes três meses de convivência com a Bacia do Mercado, vejo sempre vazio.

Um espaço sempre vazio na rua
Me chama atenção
E me escuta
Um espaço sempre vazio na rua
Me coloca no vão da pergunta

Quero dizer
Onde estava meu corpo naquele dia?
Eu não sabia
Foi um quase quase
Diferente
E ao entrar ali
(Porque era fechado onde era aberto)
Eu disse:
Respondi ao mesmo tempo!
E balbuciei:
Risco!
E me perguntei:
Muda!

O lugar mudaria minhas feições aparentes
O lugar seria comigo indiferente?
Não há meu projeto de lugar
No futuro
Se eu me escondo nele
Ele reflete escuro
Cuido
Enquanto me envolvo neste risco de estar aqui
Não há desejo maior
Que existir!

Por Juliana Espirito Santo